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  • 04 / 07 / 2014 Ética, Cidadania E Liderança Nas Empresas

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    Ética, Cidadania E Liderança Nas Empresas

    Há mais de 25 anos atuando com desenvolvimento de profissionais, estou convicto que o desenvolvimento de pessoas numa empresa representa uma das melhores vias de mudança social. Esforço-me para que acatem a idéia de que empresa é local de desenvolvimento da consciência e que se o mundo é aquilo que percebemos e sobre o qual temos consciência, para mudá-lo é preciso ampliar a consciência das pessoas sobre esse mesmo mundo, facilitando o processo individual de busca de realização.

    Num momento em que o paradigma da política brasileira foi colocado em discussão, fiquei intranqüilo com relação ao futuro comportamento gerencial e, por sua vez, com a formação de novos líderes empresariais. Essa preocupação decorre do fato de que no desenvolvimento das pessoas, boa parte da influência é exercida pelo modelo de conduta observado entre as autoridades de sua sociedade imediata. Preocupo-me com as conseqüências éticas que podem ser influenciadas pela existência de um partido ou grupo político que se transformou naquilo contra o qual lutou durante anos. Isso é particularmente grave devido ao provável envolvimento de pessoas de projeção nacional e que, direta ou indiretamente, influenciam as mentes de jovens que irão se tornar líderes no futuro.

    Repetindo, vejo a empresa como o melhor ambiente para o desenvolvimento humano, onde a cultura humana é reforçada e produzida através do trabalho operário, onde conceitos são transformados e as inovações surgem como respostas a crises. Isso me obriga a combater de frente, no cotidiano profissional, qualquer tipo de comportamento não-ético – como o que estamos assistindo, por exemplo, na CPMI dos Correios. Nesse combate, usando a discussão e troca de idéias como armas, defendo a idéia de que os profissionais que hoje ocupam cargos de liderança em suas empresas, devem exercer vigorosamente as suas cidadanias e seus papéis políticos, pois só assim poderão assumir, também, a plena liberdade. Assim agindo, estaremos vacinando as empresas, a sociedade e os profissionais que são hoje, os modelos das gerações futuras; faremos isso discutindo e refletindo sobre o bem comum, como propõem as modernas abordagens de liderança, do uso de autoridade, da distribuição de poder na empresa, etc. É um papel reservado aos verdadeiros líderes, o de criar o espaço para que as pessoas possam agir e falar sobre o que diz respeito a todos.

    Empresa consciente é integrada e responsável com a sociedade, é sabedora de que para termos desenvolvimento humano é preciso que isso seja concebido numa base social justa. A sensação que se tem, infelizmente, é a de que esse sonho está ameaçado por causa de um grupo de pessoas que se intitulam “políticos”. Pessoas envolvidas com ações ilícitas geradoras de riquezas pessoais não legalmente justificadas tem que ser destronadas para que não haver o risco de servirem, erroneamente, de modelos a uma sociedade que vem sofrendo há décadas com a síndrome da “lei de Gerson”. Isso tem que acabar se queremos um Brasil e um mundo melhor. São pessoas de “rabos presos”, que vivem em covis e que mantém as condições que conservam a injustiça social. O trabalhador, para que se consolide como homem livre e criativo, para que possa pensar livremente e agir imprevisivelmente em todo o seu potencial criador, precisa libertar-se das urgências impostas exclusivamente pelas necessidades de sobrevivência. Que idéia passa à sociedade esses líderes que só se preocupam com uma política infame, interessada exclusivamente no poder e no ganho financeiro fácil, a não ser a idéia de que eles não se preocupam com os que os elegeram? A não ser a idéia de que são oportunistas que não se empenharão em promover um mínimo de igualdade social, um mínimo de participação igualitária no acesso a bens materiais e culturais?

    Amigos, temos que aceitar nossas missões pessoais se queremos um país melhor. Assumir, por exemplo, o papel de agente de mudanças em empresas e, por conseguinte, agente de mudanças sociais. É um envolvimento ético que não carece de ciência e especialização pois não existe know-how ético. É só tratar da justiça social, do bem comum. Precisamos estimular as pessoas a verem suas próprias incoerências e a perseguirem as próprias contradições. É uma medida simples mas com a qual é possível reforçar as bases da democracia tal qual os gregos fizeram. Estaremos desenvolvendo consciências e assim, a percepção individual da sociedade, criando o ambiente propício para as mudanças nessa mesma sociedade. A medida é simplória e pode ser pequena, mas sem isso, seremos apenas tolos: a tolice produz a inadequação social. Na tolice, na falta de dialogo consigo mesmo e com os iguais, é que o comportamento não-ético (como uma peste social) nasce e se alastra. Quanto mais a sociedade perde em autoconsciência, maior é o grau de banalidade, a qual tem como acompanhantes a rotina, a estupidez e a obediência cega.

    Ética significa que uma pessoa está envolvida com o sistema de valores de uma sociedade – família, escola, empresa, cidade, país, etc. As normas com as quais nos defrontamos são exemplos históricos de gerações anteriores, tendo como objetivo, a completa adequação e ampliação do homem social. Este deve e tem que ser livre para crescer, e para tanto, deve saber que a liberdade é uma relação a ser continuamente ampliada com a aplicação daquilo que ela mesma contém: o conceito de dever, de regra, de intervenção recíproca. O bom líder saberá formar bons cidadãos, de comportamentos éticos, responsáveis pela sociedade atual e futura, bem como atuantes a favor da ampliação das soluções criativas em suas próprias empresas.

    * Paulo César T. Ribeiro é psicólogo, consultor de empresas, “coach” e “headhunter”, conceituado entre os melhores apresentadores por sua reconhecida experiência em treinamentos voltados ao comportamento gerencial e ao desenvolvimento de líderes, equipes e outros diversos temas. Diretor da CONSENSOrh.

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